29 de janeiro de 2011

O Professor e o choro

Paulinho da Viola tinha um pai violonista, porém mandou seu filho ir estudar com um amigo quase vizinho Jacob do Bandolim. Esse foi seu grande mestre na arte dos dedos e cordas, Paulo César se apaixonou pelo choro e as composições, e Jacob admirou a seriedade com que o menino se dedicava ao instrumento.
Jacob, fazia parte do conjunto Época de Ouro assim como o pai de Paulinho, fazia saraus em sua casa nos anos 50 e pessoas da política, artes e jornalistas iam ouvir, como Dorival Caymmi, Elizeth Cardoso, Serguei Dorenski, Ataulfo Alves, Paulinho da Viola, Hermínio...

CURIOSIDADE
Uma vez Jacob foi receber um prêmio, quando chegou ao local viu que a plateia era de jovens cabeludos, ele quis desistir da apresentação, seus amigos o convenceram a subir e tocar. E lá foi ele, tocou o choro com que ganhara a medalha e foi aplaudido de pé por aquelas pessoas que ele jamais imaginaria que entendessem e respeitassem sua obra.


DOLENTE 
Aqui um vídeo de um programa Ensaio da TV Cultura como apresentador o nosso ilustre Paulinho da Viola, entrevistando Canhoto da Paraíba que toca uma composição de Jacob do Bandolim.




O Choro nasceu em meados de 1870 no Rio, falavam que era um jeito brasileiro de tocar as músicas dos europeus xote, valsa e principalmente polca além dos africanos como o lundu.
Fui buscar alguma coisa de Polca pra gente comparar com o choro e descobri que era além de um estilo musical também uma dança, fui ver também sobre o lundu e também é um tipo de dança e essa bem sensual.
Realmente nosso choro veio de uma raiz bem dançante e alegre

POLCA



LUNDU 

28 de janeiro de 2011

Deixa o dia raiar!!!

E mais um Carnaval tá chegando...
Dias de encontros, encantos, desencontros até. E também dias tão cantados pela nossa música!
Inspirada pela marchinha do "Agora Vai", revelada na terça, decidi postar esse samba aqui, que além de mostrar seu encanto, é um encontro entre Chico e Nara.
Letra deliciosa! 
E já já:  é Carnaval...




Noite dos Mascarados

Composição: Chico Buarque
 
- Quem é você?
- Adivinha se gosta de mim!
Hoje os dois mascarados
Procuram os seus namorados
Perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- Que eu quero saber o seu jogo...
- Que eu quero morrer no seu bloco...
- Que eu quero me arder no seu fogo.
- Eu sou seresteiro, poeta e cantor.
- O meu tempo inteiro, só zombo do amor.
- Eu tenho um pandeiro.
- Só quero um violão!
- Eu nado em dinheiro.
- Não tenho um tostão... Fui porta-estandarte, não sei mais dançar...
- Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar.
- Eu sou tão menina...
- Meu tempo passou...
- Eu sou Colombina!
- Eu sou Pierrô!
Mas é Carnaval! Não me diga mais quem é você!
Amanhã tudo volta ao normal.
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr,
Deixa o dia raiar que hoje eu sou
Da maneira que você me quer.
O que você pedir eu lhe dou,
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!
Seja você quem for, seja o que Deus quiser!
Nelson cavaquinho era da policia montada carioca, conseguiu esse emprego por intermédio de seu sogro.
O problema é que ele patrulhava o morro da mangueira com seu cavalo, certa vez ele ficou de conversa com Cartola e largou o cavalo de lado, ele demorou tanto para voltar que seu cavalo (como era normal) voltou sozinho para o batalhão. Ele ficava dias sem ir ao batalhão e quando voltava sempre ficava preso, ele até que estava se acostumando com a vida no xadrex, ele gostava, ficava compondo, a música ¨Entre a cruz e a espada¨ foi uma das que ele compôs no tempo de xadrex no batalhão da polícia montada carioca. No ano de 38, antes de ser expulso da polícia conseguiu dar baixa, nessa época já estava separado da mulher e afastado dos filhos, então entrou de vez na bohemia e resolveu a dedicar-se somente à música, acabou indo morar no morro da mangueira em 52.

Nelson Cavaquinho - Vou Partir

27 de janeiro de 2011

Nelson Antonio da Silva (Nelson Cavaquinho)
Nasceu em 29 de outubro de 1911 no Rio de Janeiro e faleceu em 17 de fevereiro de 1986 na mesma cidade.
Do violonista Juquinha, receberia importantes noções de como tocar cavaquinho. Nesta época, Nelson Cavaquinho cunhou a sua marca e também a maneira peculiar de tocar o instrumento apenas com dois dedos, ganhando, a partir daí, o apelido de Nelson do Cavaquinho. Aos 16 anos, sem dinheiro para comprar o instrumento e pagar um professor, treinava em cavaquinho emprestado. Por essa época, trabalhava, também, como pedreiro e compôs a sua primeira música, o choro "Queda".



25 de janeiro de 2011

A Ginga do Mestre

Desafinas, achei um curta metragem sobre o Pixinguinha e sem dúvida temos que ter em arquivo. O curta é histórico e o tiozinho que gravou é super simpático. Ele é um dos herdeiros da Fototica e conseguiu imagens da banda toda do Pixinguinha no Ibirapuera há mais de 50 anos atrás.

Reparem no jeito de dançar desse pessoal, a roda que formam, os passos e a ginga tem muito de capoeira ali.
Espero que gostem!



Gingando:
Pixinguinha, Donga, Almirante, João da Baiana, Lentini, Alfredinho, Bidê, Benedito Lacerda e Mirim

Dá pra ver o curta em melhor definição no Porta Curtas

Coração Vulgar

Acredito que todo mundo se identifica um pouco com essa letra, ela fala de um coração que não sossega e que vive em constante busca da paixão "coração vulgar". O compositor consegue ser racional sobre um amor fracassado, um drama, ele diz na maior sinceridade "o amor que morre é uma ilusão", como quem diz: não se preocupe querida, não era amor de verdade.

Paulinho tem a lucidez de dizer que poucas pessoas sabem o que é amor, enaltecendo o sentimento,  julga a pessoa com ânsia de afeto merecedoras de seu sofrimento. E por fim dá seu conselho maior PAZ interior.


Olha que interessante a poesia, ele rima tudo menos o refrão:
"Que o amor que morre é uma ilusão,
E uma ilusão deve morrer"

Coração Vulgar

Morre mais um amor num coração vulgar
Deixa desilusão pra quem não sabe amar.
E quem não sabe amar tem que sofrer
Porque não poderá compreender
Que o amor que morre é uma ilusão,
E uma ilusão deve morrer

Um verdadeiro amor nunca fenece
E pouca gente ainda o conhece
Meu bem, se o teu amor morreu,
É porque ninguém o entendeu
Deixa o teu coração viver em paz
O teu pecado foi querer amar demais.

CURIOSIDADE 
A mãe de Paulinho da Viola se chamava Paula e trabalhava como enfermeira em hospícios, uma de suas colegas era uma enfermeira alta bonita e sorridente, que mais tarde seria a tão conhecida Dona Ivone Lara.



Minha Missão

João Nogueira - Rio de Janeiro, 12/11/1941 - Rio de Janeiro, 05/06/2000.
Sua Escola de Samba: Portela. Porém em 1984, ajudou a criar a Escola Tradição, formada por um grupo de dissidentes da Portela. Também fundou o bloco Clube do Samba.

Há duas músicas, preferência de quem vos escreve, que são suas pérolas: Espelho e Minha Missão. No próximo post, algo sobre Além do Espelho...   

Discografia:

(2009) João Nogueira - Especial Programa Ensaio
(2001) Um sonho através do espelho
(2000) Ala de Compositores da Portela
(2000) Esquina carioca • (vários)
(1999) Natal de samba • Velas
(1998) Chico Buarque de Mangueira
(1998) Balaio do Sampaio

(1998) João de todos os sambas
(1995) Chico Buarque - letra e música 

(1995) Clara Nunes com vida
(1994) Parceria 
(1992) Além do espelho
(1988) João 
(1986) João Nogueira
(1985) De amor é bom
(1984) Pelas terras do Pau-Brasil
(1984) Partido alto nota 10
(1983) Bem transado
(1982) O homem dos quarenta
(1981) Wilson, Geraldo e Noel
(1980) Na boca do povo
(1979) Clube do Samba
(1978) Vida boêmia
(1978) Os maiores sucessos de João Nogueira
(1977) Espelho
(1975) Vem quem tem
(1974) E lá vou eu
(1972) João Nogueira








24 de janeiro de 2011

Morte e Vida Severina

João Cabral de Melo Neto (1920/1999)
Em 1965, a pedido de então diretor do TUCA, Roberto Freire, Chico musicou alguns poemas de João Cabral de Melo Neto, da obra MORTE E VIDA SEVERINA. Para a montagem da peça, apresentada em 1968, apenas 2 composições são de autoria de Chico (Mulher na janela e Funeral de um lavrador), as outras são os poemas musicados.   

Da obra de João Cabral, aqui abaixo a Introdução, que apresenta o personagem, o retirante Severino, ao leitor:

cartaz da montagem



"— O meu nome é Severino,
como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos,
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria
como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.


Mais isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.

Como então dizer quem falo
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.

Mas isso ainda diz pouco:
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.

Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).

Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,

a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.


pra saber mais do poeta



Samba e Amor (de 66)





Ah, o amor!



"Amanhã, ninguém sabe

No peito de um cantador

Mais um canto sempre cabe

Eu quero cantar o amor

Eu quero cantar o amor

Antes que o amor acabe."

da canção - "Amanhã ninguém sabe", 1966. 

Esperando...



Pedro Pedreiro

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol esperando o trem, esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo espere alguma coisa mais linda que o mundo
Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá o desespero de esperar demais
Pedro pedreiro quer voltar atrás, quer ser pedreiro pobre e nada mais, sem ficar
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também
Esperando a festa, esperando a sorte, esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém, esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
Que já vem...
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem
Que já vem

Ainda do primeiro disco, CHICO BUARQUE DE HOLLANDA, essa canção inaugura a experimentação dos texto nas letras de Chico, o estilo de brincar com os fonemas e as metáforas. Além disso, já apresenta sua crítica social, que o acompanharia em toda sua obra.    

Curiosidade sobre essa canção:
Chico certa vez deixou de participar de alguns programas populares de televisão e teve problemas com o Chacrinha, apresentador do PROGRAMA DO CHACRINHA, de Rede Globo, pois este teria feito uma piada com a letra da canção Pedro Pedreiro, ao ouvir o ensaio. Irritado, Chico foi embora e nunca se apresentou no programa. Porém tempos depois, na mesma emissora aceitou o convite de fazer ele mesmo um programa de tv, o CHICO E CAETANO.

23 de janeiro de 2011

Influências e Parcerias

Chico iniciou sua carreira em 1965, lançando seu primeiro LP (lembram-se dessa expressão?) em 1966. 
São consideradas algumas influências em sua obra, além das inúmeras parcerias:



vinícius, tom e chico
ismael silva

edu lobo, chico e gal

paulinho da viola e chico

edu lobo e chico

chico e milton

Para afinados... Nara Leão

Nara Leão - 19/1/1942 Vitória, ES - 7/6/1989 Rio de Janeiro, RJ
Em breve, mais notas sobre vida & obra da cantora!
Algumas das ótimas canções interpretadas por Nara...



*Morena do Mar
Composição: Dorival Caymmi 

Ô morena do mar, oi eu, ô morena do mar
Ô morena do mar,sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar

Eu disse que ia voltar
Ai,eu disse que ia chegar,
Cheguei

Ô morena do mar, oi eu, Ô morena do mar
Ô morena do mar,sou eu que acabei de chegar
Ô morena do mar
Eu disse que ia voltar
Ai,eu disse que ia chegar,
Cheguei

Para te agradar
Ai,eu trouxe os peixinhos do mar
Morena
Para te enfeitar,
Eu trouxe as conchinhas do mar
As estrelas do céu
Morena
E as estrelas do mar
Ai,as pratas e os ouros de Iemanjá
Ai,as pratas e os ouros de Iemanjá

*Pranto De Poeta
Composição: Nelson Cavaquinho / Guilherme de Brito

Em Mangueira quando morre um poeta
todos choram
Vivo Tranquilo em Mangueira por que
sei que alguém há de chorar quando eu morrer

Mas o pranto em Mangueira é tão diferente
é um pranto sem lenço que alegra a gente
Ei de ter um alguém pra chorar por mim
atráves de um pandeiro e de um tamborim


*Acender as Velas
Composição: Zé Kéti

Acender as velas
Já é profissão
Quando não tem samba
Tem desilusão
É mais um coração
Que deixa de bater
Um anjo vai pro céu
Deus me perdoe
Mas vou dizer
O doutor chegou tarde demais
Porque no morro
Não tem automóvel pra subir
Não tem telefone pra chamar
E não tem beleza pra se ver
E a gente morre sem querer morrer

*Recado
Composição: Paulinho da Viola / Casquinha

Leva o recado
a quem me deu tanto desabor
dia que eu vivo bem melhor assim
e que no passado fui
um sofredor
e agora já não sou
o que passou, passou (2x)
Vá dizer à minha ex amada
Que é feliz meu coração
Mas que nas minhas madrugadas
Eu não me esqueço dela não
Leva o recado
a quem me deu tanto desabor
dia que eu vivo bem melhor assim
e que no passado fui
um sofredor
e agora já não sou
o que passou, passou
e agora já não sou
o que passou, passou
e agora já não sou
o que passou, passou


*Malvadeza Durão
Composição: Zé Keti

Mais um malandro fechou o paletó
Eu tive dó, eu tive dó
Quatro velas acesas em cima de uma mesa
E uma subscrição para ser enterrado
Morreu Malvadeza Durão
Valente, mas muito considerado
Céu estrelado, lua prateada
Muitos sambas, grandes batucadas
O morro estava em festa quando alguém caiu
Com a mão no coração, sorriu
Morreu Malvadeza Durão
E o criminoso ninguém viu.


*Olê, Olá
Composição: Chico Buarque

Não chore ainda não
Que eu tenho um violão
E nós vamos cantar
Felicidade aqui
Pode passar e ouvir
E se ela for de samba
Há de querer ficar

Seu padre toca o sino
Que é pra todo mundo saber
Que a noite é criança
Que o samba é menino
Que a dor é tão velha
Que pode morrer
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Quem sabe sambar
Que entre na roda
Que mostre o gingado
Mas muito cuidado
Não vale chorar

Não chore ainda não
Que eu tenho uma razão
Pra você não chorar
Amiga me perdoa
Se eu insisto à toa
Mas a vida é boa
Para quem cantar

Meu pinho, toca forte,
Que é pra todo mundo acordar
Não fale da vida
Nem fale da morte
Tem dó da menina
Não deixa chorar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Quem sabe sambar
Que entre na roda
Que mostre o gingado
Mas muito cuidado
Não vale chorar

Não chore ainda não
Que eu tenho a impressão
Que o samba vem aí
E um samba tão imenso
Que eu ás vezes penso
Que o próprio tempo
Vai parar pra ouvir

Luar, espere um pouco
Que é pro meu samba poder chegar
Eu sei que o violão
Está fraco, está rouco
Mas a minha voz
Não cansou de chamar
Olê olê olê olá
Tem samba de sobra
Ninguém quer sambar
Não há mais quem cante
Nem há lugar mais lugar
O sol chegou antes
Do samba chegar
Quem passa nem liga
Já vai trabalhar
E você, minha amiga
Já pode chorar

*Maria Joana
Composição: Sidney Miller

Não faz feitiço quem não tem um terreiro
Nem batucada quem não tem um pandeiro
Não vive bem quem nunca teve dinheiro
Nem tem casa pra morar
Não cai na roda quem tem perna bamba
Não é de nada quem não é de samba
Não tem valor quem vive de muamba
Pra não ter que trabalhar
Eu vou procurar um jeito de não padecer
Porque eu não vou deixar a vida sem viver

Mas acontece que a Maria Joana
Acha que é pobre, mas nasceu pra bacana
Mora comigo, mesmo assim não me engana
Ela pensa em me deixar
Já decidiu que vai vencer na vida
Saiu de casa toda colorida
Levou dinheiro pra comprar comida
Mas não sei se vai voltar
Eu vou perguntar: Joana, o que aconteceu?
Dinheiro não faz você mais rica do que eu.


*Ta-Hí (Pra você gostar de mim)
Composição: Joubert de Carvalho

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim.
Ai meu bem, não faz assim comigo não!
Você tem, você tem que me dar seu coração!
Meu amor, não posso esquecer,
Se dá alegria faz também sofrer.
A minha vida foi sempre assim:
Só chorando as mágoas que não têm fim.
Essa história de gostar de alguém
Já é mania que as pessoas têm.
Se me ajudasse Nosso Senhor,
Eu não pensaria mais no amor.


*Pisa na fulô
Composição: João do Vale, Silveira Júnior e Ernesto Pires

Pisa na fulô, pisa na fulô
Pisa na fulô, não maltrata meu amô

Um dia desse fui dançá lá em Pedreira
Na rua da Golada e gostei da brincadeira
Zé Caxangá era o tocado
Mas só tocava pisa na fulô

Sô Serafim cuchichava a Marvió
Sô capaz de jurá que eu nunca vi forró miól
Inté vovó garrô na mão de vovô
Vão'bora, meu veinho, pisa na fulô

Eu vi menina qui nem tinha doze ano
Agarrá seu par, também sair dançando
Satisfeita e dizendo
Meu amô, ai como é gostoso pisa na fulô

De madrugada Zeca Caxangá
Disse ao dono da casa
Num precisa me pagá
Mas por favô, arranje outro tocadô
Que eu também quero pisa na fulô

Corrente

22 de janeiro de 2011

O samba dengoso

“O samba carioca tem uma forma especial, uma malícia de ritmo que obedece a um sincopado que nada tem a ver com o remelexo do samba baiano”.

O remelexo, a que Caymmi se refere, nada mais é do que o "dengo"da Bahia...explicado por ele mesmo:

“Não sei de palavra tão bonita quanto ‘dengo’. Dengo... Denguice... dengosa... Palavras que dizem muita coisa... O sol do Nordeste, aquele calor das tardes pedindo rede e água de coco, pedindo cafuné e dando ao corpo certa moleza gostosa, produz o dengo, que por vezes está apenas no quebranto de um olhar, às vezes na modulação da voz terna, de súbito no gesto, como um convite. Não sei definir certas mulheres senão pelo dengo que possuem”.

Com seu jeito baiano de ser, Caymmi escrevia seus sambas...

O dengo que a nega tem
Dorival Caymmi

É dengo, é dengo, é dengo, meu bem
É dengo que nega tem
Tem dengo no remelexo, meu bem
Tem dengo no falar também

Quando se diz que no falar tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem
Quando se diz que no andar tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem
Quando se diz que no sorrir tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem
Quando se diz que no sambar tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem
É dengo, é dengo, é dengo, meu bem
É dengo que nega tem
Tem dengo no remelexo, meu bem
Tem dengo no falar também

Quando se diz que no bulir tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem
Quando se diz que no cantar tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem
Quando se diz que no olhar tem dengo
Tem dengo, tem dengo, tem dengo tem

É no mexido, é no descanso, é no balanço
É no jeitinho requebrado que essa nega tem
Que todo mundo fica enfeitiçado
E atrás do dengo dessa nega todo mundo vem

O maior parceiro

"Ninguém fez tanta música comigo quanto ele, e ninguém fez tanta música com ele quanto eu", decreta Elton Medeiros sobre Paulinho da Viola

Elton Medeiros vivia cantando em samba de rodas onde ele era sempre o mais velho, adorava Paulinho 12 anos mais novo, compôs muitas músicas com ele como Recomeçar de 1979. A melodia deles tem um sobe e desce que vai junto com o sentimento que a letra está contando.

  
O grande marco de 1965 foi o Espetáculo Rosa de Ouro com cinco jovens representantes do "samba de raiz":
  • Elton Medeiros
  • Paulinho da Viola
  • Nelson Sargento
  • Anescarzinho do Salgueiro  
  • Jair do Cavaquinho
  • Araci Cortes
  • Clementina de Jesus revelada ao público aos 63 anos.



Recomeçar
Do que restou de uma paixão
Voltar de novo à mesma dor sem razão
Guardar no peito a mágoa sem reclamar
Acreditar no Sol da nova manhã
Dizer adeus e renunciar
Vestir a capa de cobrir solidão
Para poder chorar

Somente o tempo faz a gente lembrar
Do sofrimento que não quis perdoar
E todo o mal reprimido
Pode, afinal, nos deixar
A vida tem seu renascer de uma dor
Toda ferida um dia tem que fechar
E quem secou esse pranto
Pode novamente amar

Nem francês e nem inglês!


Não Tem Tradução

O cinema falado
é o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão
prende mais que o xadrez
Lá no morro,
se eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo
do francês e do Inglês

A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar,
dando pinote
Na gafieira dançando um Fox-Trote

Essa gente hoje em dia
que tem a mania da exibição
Não entende que o samba
não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro,
já passou de português

Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são
I love you
E esse negócio de alô,
alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone

Essa canção é de autoria do Noel Rosa, Ismael Silva e Francisco Alves (1933), foi gravada pelo João Nogueira,ainda não descobri em qual ano... rs
João tinha por hábito homenagear seus compositores preferidos, assim fez com Noel (que era amigo de seu pai, músico também) e Cyro Monteiro.
Seu maior parceiro foi Paulo Cesar Pinheiro, entre outros. 

21 de janeiro de 2011

Grande Otelo e a Angela Maria- Rio, Zona Norte- Malvadeza Durão(autoria/...

Opiniao - Zé Keti

ZÉ KÉTI - ACENDER AS VELAS

Zé Keti sings 'Diz que fui por ai'

Zé Keti: Máscara Negra

Zé Keti: A Voz do Morro

Zé Keti - Mascarada

20 de janeiro de 2011

O Pintor


O hobby de Caymmi era pintar...






Este quadro é a capa do disco "Caymmi"de 1972
Vejam outras pinturas...


Zé Keti

José Flores de Jesus, cantor e compositor, nasceu no Rio de Janeiro (no bairro de Inhaúma), em 16/09/1921, sendo registrado apenas em 06/10/1921.

Neto de um flautista e pianista (João Dionísio Santana), filho de um marinheiro sergipano tocador de cavaquinho (Josué Vale da Cruz), desde cedo se interessou pela música.

Seu pai morreu quando ele ainda era pequeno. Foi então que, junto com a mãe, mudou-se para casa do avô, em Bangu.

Seu avô era muito festeiro e gostava de reunir os amigos músicos, entre eles Pixinguinha e Cândido das Neves (Índio). Sua mãe gostava de dançar e quando não tinha baile em casa ia ao clube de danças das operárias da fábrica de Bangu.

Nesse ambiente musical, Zequinha começa a moldar seu talento, sempre espiando tudo muito quieto. Daí o apelido Zé Quietinho, que virou Zéqueti e mais tarde, com os nomes com K em voga, assumido definitivamente Zé Keti.

Entre 1926 e 1928 com a morte do avô, a família muda-se para Dona Clara (bairro carioca) e em seguida para Bento Ribeiro.

Quando estava no início do ginásio, fugiu da escola e foi tentar a vida, sozinho. Trabalhou em uma fábrica de calçados, em uma pedreira, em uma gráfica e também vendeu laranjas nos campos de futebol.

Começou a compor, sem mostrar suas músicas a ninguém. Só começou mostrar quando tinha 18 anos, nas rodas boêmias do Café Nice, local que começou a freqüentar em 1939, por intermédio compositor Luiz Soberano.

Em 1940 ingressa na Polícia Militar, onde serve até 1943, afastando-se do meio musical. Neste período compõe a sua primeira marcha carnavalesca Se o feio doesse.

Em 1946, "Tio Sam no Samba" foi o primeiro samba de sua autoria gravado (pelo grupo Vocalistas Tropicais). Em 1951, obteve seu primeiro grande sucesso com o samba "Amor passageiro", parceria com Jorge Abdala gravado por Linda Batista na RCA. No mesmo ano, seu samba "Amar é bom", parceria com Jorge Abdala foi gravado na Todamérica pelos Garotos da Lua.

Em 1955, sua carreira começou a deslanchar quando seu samba "A voz do morro", gravada por Jorge Goulart e com arranjo de Radamés Gnattali, fez enorme sucesso na trilha do filme "Rio 40 graus", de Nelson Pereira dos Santos. Neste filme, trabalhou também como segundo assistente de câmera e ator. Outro sucesso nos anos cinquenta, foi "Leviana", que também foi incluído no filme "Rio 40 Graus" (1955), de Nelson Pereira dos Santos, diretor com o qual trabalhou também no filme "Rio Zona Norte" (1957).

No ano de 1962 idealizou o conjunto A Voz do Morro, do qual participou e que ainda contava com Elton Medeiros, Paulinho da Viola, Anescarzinho do Salgueiro, Jair do Cavaquinho, José da Cruz, Oscar Bigode e Nelson Sargento. O grupo lançou três discos.

Em 1964, participou do espetáculo "Opinião", ao lado de João do Vale e Nara Leão, que o levou ao concerto que tornou conhecidas algumas de suas composições, como "Opinião" e "Diz que Fui por Aí" (esta em parceria com Hortênsio Rocha). No ano seguinte, lançou "Acender as velas", considerada uma de suas melhores composições. Esta música inclui-se entre as músicas de protesto da fase posterior a 1964; a letra deste samba possui um impacto forte, criado pelo relato dramático do dia-a-dia da favela. Nara Leão, Elis Regina fizeram um enorme sucesso com a gravação desta música.

Também em 1964, gravou pelo selo Rozemblit um compacto simples que tinha a música "Nega Dina". Nessa mesma época, recebeu o troféu Euterpe como o melhor compositor carioca e, juntamente com Nelson cavaquinho, o troféu O Guarany, como melhor compositor brasileiro. Com Hildebrando Matos, compôs em1967 a marcha-rancho "Máscara Negra", outro grande sucesso, gravada por ele mesmo e também por Dalva de Oliveira, foi a música vencedora do carnaval, tirando o 1º lugar no 1º Concurso de Músicas para o Carnaval, criado naquele ano pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som e fazendo grande sucesso nacional.

Com as mortes de sua ex-esposa, com quem mantinha relações cordiais, e do grande amigo Carlos Cachaça, entra em profunda depressão. Morre vítima de falência múltipla de órgãos, no Hospital da Venerável Ordem Terceira da Penitência, no dia 14 de novembro de 1999.

Cerca de 150 pessoas compareceram ao velório do compositor no cemitério de Inhaúma. Durante o velório, o caixão foi coberto com a bandeira azul e branca de sua escola de samba, a Portela. Foi enterrado ao som de A voz do morro.

Principais sucessos:

  • A voz do morro, Zé Keti (1955)

  • Acender as velas, Zé Keti (1964)

  • Diz que fui por aí, Zé Keti e Hortêncio Rocha (1964)

  • Leviana, Zé Kéti e Amado Regis (1954)

  • Madrugada, Zé Kéti (1967)

  • Malvadeza Durão, Zé Keti (1959)

  • Máscara negra, Zé Keti e Pereira Matos (1966)

  • Mascarada, Zé Keti (1964)

  • Nêga Dina, Zé Keti (1965)

  • O meu pecado, Zé Keti (1965)

  • Opinião, Zé Keti (1964)

18 de janeiro de 2011

Do primero disco


Do disco CHICO BUARQUE DE HOLLANDA, primeiro da sua obra musical, essa canção - TEM MAIS SAMBA, já exalta de alguma maneira seu olhar poético pro cotidiano. Segundo Humberto Werneck, biógrafo de Chico, nessa canção ele privilegia o contato e o concreto, quando canta a aproximação, o encontro e a chegada.
Essa canção, encomendada para uma apresentação, saiu depois de um fiasco (uma outra canção apresentada ao solicitante, o publicitário Luiz Vergueiro, que não a aprovou para a peça Balanço de Orfeu! Isso foi em 1964). Segundo conta o publicitário, Chico chegou, com a primeira canção pronta, mas ela não servia. Ele então saiu furioso e voltou no outro dia, "com os olhos vermelhos pela noite em claro e um tremendo bafo de cana". TEM MAIS SAMBA tava pronta!

Francisco


Vem meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você
Vem, mas vem sem fantasia
Que da noite pro dia
Você não vai crescer

 (Sem fantasia)
Chico Buarque
Francisco Buarque de Hollanda, menino nascido no Rio de Janeiro, teve pai historiador e jornalista e mãe pintora e pianista.
Morou em São Paulo, depois em Roma (ambos os lugares em função do trabalho do pai). Retornando ao Brasil, permaneceu bastante tempo em São Paulo.
Sua primeira relação com a mídia, foi por aqui, em Sampa, por conta de ocupar uma referência nas páginas do jornal, por furto. 
Segundo pesquisadores*, Chico possui uma identificação com a marginalidade, com elementos que transgridem o convencional, quando em sua obra aparece a solidariedade com "o elemento marginal, manifestando todo o sentimento do malandro, do pivete, do operário oprimido, do favelado, da prostituta, da lésbica, da mãe ou da mulher do malandro."
* Maria Helena Sansão Fontes - in  Sem fantasia - Masculino e Feminino em Chico Buarque.

 HOMENAGEM AO MALANDRO
(1977-78, da peça: Ópera do Malandro)

"Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, 

que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem 

não existe mais.
Agora já não é normal, 

o que dá de malandro regular profissional, 
malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, 

que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, 

não espalha,
aposentou a navalha, 

tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, 

no trem da Central"

dá uma olhadinha!
 

Entre vaias e aplausos

Lá vai o malandro
A elegância de Paulinho me lembra muito o personagem do Besourinho do Curta 3D.youtube.com/watch?v=tISQhYD78BM. Sempre alinhado de andar calmo, fala mansa e olhar faceiro ele é o angoleiro do samba.

CURIOSIDADE
Uma vez Paulinho foi questionado: qual sua composição preferida? ele respondeu: Sinal Fechado (achei graça por ser uma das poucas músicas dele que não é um samba)

 
Sinal Fechado (1969) - V Festival da MPB


Com Carmen Miranda, o início do sucesso

Caymmi estava no Rio de Janeiro. Um produtor americano chamado Wallace Downey produzia um filme na cidade, intitulado “Banana da Terra”, de 1939, estrelado por Carmen Miranda. Ela cantaria, entre outras, duas canções de Ary Barroso, “Na Baixa do Sapateiro” e “Boneca de Piche”.

Ary cobrou caro pelo trabalho. Um vizinho que ouvira Caymmi cantar, perguntou se ele não gostaria de gravar uma música para aparecer num filme. Até então Caymmi nunca tinha gravado suas canções. Ele gravou, de forma amadora, e Carmen não aprovou. Tudo só se resolveu, quando finalmente Caymmi foi pessoalmente apresentar a música na casa de Carmen.

“O Que É Que a Baiana Tem?” se tornou o maior sucesso musical do filme. Foi o próprio Caymmi que ensinou à Carmen os “trejeitos” com as mãos e o revirar dos olhos. Por fim, Caymmi gravou, em duo com a cantora, seu primeiro compacto, começando em grande estilo sua carreira de sucesso.

Carmen Miranda


Carmen Miranda, natural de Portugal, veio ainda pequena para o Brasil. Nas viélas do Rio de Janeiro conheceu inúmeros músicos e compositores. Foi uma das poucas artistas brasileiras que conseguiu explorar e re-significar com grande maestria os estereotipos do Brasil. Sua imagem carregava a simpatia, a comicidade, a ginga e a sensualidade brasileira. Carmen tornou-se conhecida internacionalmente, levando suas canções para Hollywood. O interesse do público estrangeiro por sua arte se deve a inteligente capacidade da artista de unir excelência artistica aos elementos da cultura brasileira que atraiam o mercado externo. Ela trazia em suas roupas, em seu gestual e em sua música o exotismo do Brasil. Esta compôs seu figurino com turbantes que, além de serem uma mestiçagem do cocar das índias e dos turbantes das mulheres africanas, eram constituidos por uma composição de elementos da cultura e natureza brasileira como: frutas, tecidos coloridos, penduricalhos e balagandãs.

15 de janeiro de 2011

Caymmi: o mestre da canção


Dorival Caymmi “é um autor inaugural. A música dele, e como ele casa música e letra, com tanta maestria, é sem igual na MPB”. Estas palavras são, de quem conhece bem de canção, nosso querido Chico Buarque. Não tem como questionar. Parecem perfeitas para traduzir “o que este compositor tem”. Aldir Blanc complementa bem: “o Dorival foi quem inventou o gênero ‘samba Caymmi’ [...]. Perguntar se existe este estilo de samba é como duvidar da existência do vatapá”

Caymmi foi um artista intuitivo, conhecedor de suas tradições, que soube observar o dia a dia dos pescadores, os encantos da religiosidade afro-brasileira, a soberania do mar. Assumidamente influenciado pela cultura baiana (como a capoeira angola e os sambas de roda), traduziu através de suas canções a Bahia de sua época, com muita doçura e simplicidade.

Há muitas coisas para se falar deste artista...conhecer Caymmi é como um mergulho no mar. Daqueles que limpa a alma ...

CURIOSIDADE

Em 1937, após uma tentativa frustrada de vender bebidas, Caymmi acabou bebendo todo seu mostruário e compôs a canção “O Mar”, considerada pelo próprio, a mais representativa de sua obra. (OBS. Este é dos nossos, rs)

Paulo César Batista de Faria

Paulinho da Viola nasceu no Rio de Janeiro no bairro de Botafogo dia 12 de Novembro de 1942, e olha aí signo de escorpião como aparenta ser tão calmo? 

CURIOSIDADE
Seu pai é violonista integrante do Grupo de Choro Época de Ouro que não se preocupa com modismos e exigências do mercado, fazem música por prazer.

INFLUÊNCIAS
Ao acompanhar seu pai em seu trabalho conviveu com grandes músicos como Pixinguinha e Jacob do Bandolim.

Paulinho e Bethânia em 1972